“Minha Filha está com Deus”
Por Rosangela Cerqueira Marini
Olhando nas coisas da minha mãe após sua partida para o Plano Maior achei “a carta” que ela escreveu depois que a Daiane partiu.
Essa carta minha mãe começou a escrever entre fevereiro e março de 2013, chegou a me mostrar e disse que eu poderia por no site quando ela terminasse, cheguei a perguntar algumas vezes para ela a respeito, mas depois simplesmente esqueci e ela não me disse mais nada.
Estou publicando um pouquinho de seu desabafo após a entrega da sua filhinha caçula a Deus, na ocasião ela escreveu para que eu enviasse a Atriz Cissa Guimarães que também tinha se despedido de seu filho que retornou a Pátria Espiritual. Somente após a sua partida consegui enviar ainda não tive resposta, mas o importante é que enviei ao destino que minha mãe queria.
Essa é a história da minha mãe querida
Final de 2013, após dois meses de dores fortes no estômago, com consulta que fora marcada no serviço público UBS no mês de outubro de 2013, com agendamento somente para 05 de fevereiro de 2014, minha mãe, resolveu ir ao médico particular pois não agüentava mais a dor, fez vários exames e no dia 05/12/2013, um dia depois de seu aniversário de 60 anos ao retornar ao médico descobriu que estava com câncer no estômago em estado avançado, após a tomografia realizada em clinica particular devido a urgência, o médico nos informou para mim meu pai e minha irmã que o caso era grave com comprometimento grande do estomago e metástase no fígado e no pulmão, encaminhou minha mãe para um colega no Hospital das Clinicas porque ela não tinha convênio esse médico a atendeu com urgência no dia 20/12/2013 e solicitou o pedido para o seu tratamento no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo ao qual prestava serviço em oncologia, mas o HC disse que deveríamos esperar por quinze dias para que o Instituto entrasse em contato para agendar a consulta, neste ínterim minha mãe só foi piorando, emagrecendo não conseguia se alimentar, passou vários dias só com sucos, vitaminas água de coco, caldos de sopa pois tinha muita dificuldades para ingerir os alimentos e indo de pronto socorro em pronto socorro com uma tosse intensa que fazia perder o ar e dor terrível que para não nos preocupar ocultava a intensidade não dormia por causa da tosse e dor, mesmo neste estado nenhum hospital a internou pelo menos para poder tomar soro medicamento por alguns dias enquanto aguardávamos o retorno do Hospital das Clinicas, entre idas e vindas dos pronto socorro próximos e sem poder contar com atendimento do HC, por intermediou de um primo que nos falou do Hospital Heliópolis levamos ela no dia 06/01/2014 segunda feira, lá existia um anjo que fez o melhor que pode para melhorar seu estado receitou morfina, colocou-lhe uma sonda para que pudéssemos alimentá-la, nos esclareceu (eu e minha irmã) sobre a gravidade de seu estado mas nós deu esperança de tratamento encaminhando-a para oncologia conseguimos marcar a consulta naquele mesmo dia só que para 04/02/2014.
No dia 09/01/2014 as 16:33hs recebi uma ligação no meu celular da Sra. Tereza do HC informando que o atendimento da minha mãe foi recusado pelo ICESP justificando que o laudo do diagnostico foi de clinica e laboratório particular, informei sobre a gravidade, aliais eles já tinham conhecimento pois estavam com todos os exames biopsia, tomografia e ultrassonografia, mas a Sra. que ligou disse que não poderia fazer nada devíamos procurar uma UBS refazer tudo e encaminhar novo pedido. Imagine se não tivéssemos conseguido agendar consulta no Hospital Heliópolis o que faríamos, porque não tínhamos instruções de como agir e onde procurar tratamento, porque quando soubemos seguimos a orientação do médico que fora muito generoso e prestativo. Com a benção de Deus conseguimos também um dia antes da recusa do ICESP antecipar consulta da minha mãe no Hospital Heliópolis do dia 04/02/2014 para dia 14/01/2014 com auxilio de uma amiga que conhecia a gravidade da situação, mas o estado da minha mãe se agravou demais. Infelizmente no dia 10/01/2014 ela ficou o dia todo com dores terríveis na cama nem a morfina (comprimido) estava fazendo efeito e se recusava a ir ao pronto socorro com o auxilio da minha tia eu e minha irmã a levamos de volta ao Hospital Heliópolis ela foi muito bem atendida, mas não resistiu teve uma parada respiratória e faleceu as 2:30hs do dia 11/01/2014.
Fica somente um desabafo para que outros não sofram o descaso que minha Mãe sofreu. Mesmo com determinação Legal da Constituição Federal que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”
Erica Cerqueira Marini (SP, 24 janeiro 2014)
A CARTA DA MINHA MÃE PARA CISSA GUIMARÃES
A sua Historia neste momento de Perda
Oi Cissa
Ao assistir sua entrevista na Ana Maria descobri que você estava fazendo o programa Viver com Fé resolvi lhe escrever e contar a minha historia.
Sou casada a 39 anos tenho uma família linda, problemas normais que toda família tem uns mais outros menos, mas na minha vida sempre achei que o amanhã é sempre melhor e assim fui educando e ensinando minhas filhas para nunca desanimar. A minha casa era sempre festa, por tudo a gente comemorava. Tenho cinco filhas a Erica, Tatiane, Liliane, Cristiane e Daiane e cinco netos Pietro, Enzo, Julia, Sofia e Helena. Quando as filhas começaram a se casar a casa foi ficando mais vazia, mas nos fim de semana estavam todas em casa. A Erica e a Daiane são solteiras.
Mas vamos ao que interessa a Daiane é minha caçula é muito amada, carinhosa nunca faltou com respeito comigo ao lhe chamar atenção de algo que eu achasse errado nunca me respondia ficava calada me ouvindo. Desde pequena ela dizia que ia ser economista estudou e se formou na área foi à única que terminou a faculdade, ela estava muito feliz e com muitos sonhos. Seu noivo fez a faculdade para ser piloto aéreo estudou as aulas de pilotagem e tinha muitos sonhos, casamento filhos...
A minha filha Daiane fim de semana no dia 23/07/2011 ficou na casa do Wilhiam (seu noivo) o dia inteiro, a noite mais ou menos as 21 hora, ela chegou em casa, se arrumou pois era muito vaidosa e saiu nos beijou, abraçou e deu tchau!!
As 05:00hs da manhã do domingo 24/07/2011 a policia ligou informando do acidente, tínhamos esperança que todos estariam bem, mas ao chegar na delegacia eles tinham partido já as 3:40hs, nunca Cissa se quer imaginei passar por isso o que mais fazia era rezar e pedir sempre proteção a minha família. Sou espírita de berço, quando tudo aconteceu eu só dizia por que, porque eu tenho uma família linda e agora o cristal se quebrou.
Mas Deus estava comigo sempre. Porque tive atitudes no velório e enterro que sei que não era eu. Ao despedir dela, com choro bem contido disse “vai em paz filha Deus te abençoes a mãe te ama muito”, e assim Cissa ela foi embora a minha carinhosa e adorada filha, tenho certeza que ela esta bem, pois já recebi três mensagens dela do Plano Espiritual, mas o sofrimento a saudade é muito.
Estou lhe escrevendo, pois você passou por isso e sabe como é essa dor, o amor de mãe é incondicional e a dor de um filho partir não tem nem nome.
Mas a vida tem que continuar existe outros filhos e temos que ser super mulher e continuar. Mas o que me entristece mais, e saber que dois jovens embriagados é que provocaram o acidente e simplesmente o processo foi arquivado e no meu pensamento os culpados foram a Daiane e o Wilhiam, pois eles é que foram condenados.
Rosangela Cerqueira Marini (SP, março 2013)